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domingo, 14 de março de 2010

14_140310 - despedida





O Zé Cordeiro e a Edna Araraquara foram-se embora para o Brasil e a ATEAR parou. Eles pensam voltar dentro de um ano, mas não estou certo que isso aconteça, nem eles. Comecei a fazer este quadro ainda eles estavam em Portugal. Quando lhe levei a fotografia a Edna perguntou-me: - É esse mesmo que você quer fazer? Não é antes aquela outra? Eu disse-lhe que não que era esta mesma. A fotografia não era bonita, não tinha cor.

Ela não sabia, porque eu nunca lhe disse, que a escolha da fotografia não foi por acaso. Ela representava uma despedida, um pôr-de-sol, um entardecer. Quando comecei a fazer o quadro tinha apenas 2 sábados o que era manifestamente pouco, relativamente ao tempo que demoro com cada quadro. Mas também o comecei com uma certa "raiva", pelo infortunio que era, eles irem-se embora, precisamente agora que eu tinha começado a pintar. Daí que a pincelada tenha sido bem diferente, da que normalmente uso.

Quando eles se foram embora faltava-me corrigir a água e fazer a árvore (2º quadro abaixo). Acabei o quadro em casa, já eles estavam no Brasil. Mantive o traço e a pressa pois em cerca de 3 horas corrigi a água e fiz a árvore. A árvore, um chorão, também não foi escolhida ao acaso, tem igualmente o seu efeito simbólico. Mas como a um entardecer sucede sempre um amanhecer, eu fi-la de forma diferente, voltei, a pô-la grande, frondosa e majestosa, mesmo tapando a parte mais bonita do quadro, que era o céu, junto ao sol.

Para eles, Zé Cordeiro e Edna Araraquara, esta é a minha homenagem e de todos, se assim o permitirem, que conviveram com eles. O meu, nosso, muito obrigado. Cá, lá, ou em qualquer outra parte do mundo, que sejam felizes e que levem com eles a recordação a recordação de nós cá, porque a deles estará eternamente presente e resistirá frondosa aos entardeceres de todos nós.